masoquista contraditória

e a lágrima que caiu disse-me
o que eu não queria ouvir
eu teimo 
e no fundo temo as consequências 
por já conhecer seu peso em minha cabeça 
mas eu não aguento
eu não aguento mais 
cada vez menos ar
menos lugar 
dentro de 'seja lá o que for isso'
que temos
e tememos
um a ausência do carinho
o outro a ausência de espaço
todo o bem que se trazem
a intensidade única
quase psicodélica
eu sei que não é só eu que enxerga isso
sei, sim, que é apenas sua a negação
eu teimo aqui
por um sentimento misto
por parte intuitivo
por parte ignorante 
tateando, vendo e ouvindo
até bem demais
que o carnal e o carinho existentes parecem lar
mas são apenas estadia
que sua nova era não inclui
nem tão cedo
a entrada, vasos sanguíneos a dentro,
de um amor, 
além do próprio que vem sendo estruturado 
e eu preciso aceitar isso 
para esse vício e essa carência que permiti grudar em mim, 
eu permita também sua despedida
mesmo que esta machuque
no fim, essas contraditoriedades machucam mais 

último domingo,
eu quase impulsivamente aceitei
e te deixei ir
mas voltei atrás poucas horas 
te deixando ir apenas pela porta da minha casa
segundos após sua ida
por menos de dois minutos agarrou meu coração uma angústia
o desejo desvairado de que sua estadia aqui fosse maior
em todos os sentidos
a respiração vai voltando ao normal
me disperso de propósito para não mergulhar nas inseguranças que sinto além da paixão 
acendo um baseado
e reflito:
continuar apenas no carne?
ou ir direto apenas para a amizade?
ambos vão me machucar e me fazer aprender ao mesmo tempo
porém qual caminho será melhor para ambos de nós adiante? 
ou será que ambos haverão de nascer bons frutos na mesma medida?

não consigo fazer essa decisão
e ao mesmo tempo eu não aguento mais sentir
que a nossa realidade não é o bastante
em relação ao que eu necessito agora 

como me liberto dessas masoquistas contraditórias indecisões iludidas?

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