ato: qual?
o aperto no apeito
de vez em tanto
a pressão a cada dia passado
não é sobre precisar ser feliz
a felicidade não é permanente
isso quem não sabe, precisa
é sobre infelizmente ser necessário sair do ócio
para ganhar o mínimo por fazer o meu máximo
a morte de todo dia
mesmo numa inércia maior
ainda é sobre viver
interpretando as metaforas,
é sobre a prisão que na qual me encontro
talvez não conseguindo enxergar o que está tão claro de se ver
não há um sentimento neon onde resido
a luz negra teria iluminado os pontos explicitos
a lua na fase de plantio no entanto
me grita para ir ser útil, agora, por uma futura fartura
sem a preocupação que desalma
o que mais posso fazer?
será que estou me cobrando demais?
na atual situação econômica
da cidade, do estado, do país
eu ainda me encontro viva nesse furacão
nem sei como, permaneço
sendo assim, agradeço
eu só quero sentir um chão embaixo dos meus pés
ao invés dessa pequena agonia disfarçada de
algum ponto fraco meu que ela quiser usar no dia
na minha cabeça, tantos de tudo
para me distrair imagino-me
e por vezes vou de fato para o espaço vazio do cômodo e fico
dançando, fluindo,
levando os pesos das costas e do peito para bem longe
deixando correrem soltos como o rio,
caindo na direção que o vento quiser
como a chuva lá fora agora
a carta tirada há pouco me conta que é preciso agir, criar
sair do mesmo lugar
de receio, de decadência
eu quero mandar em mim
ser vista ao cantar, ao escrever, ao falar
ser meu próprio sustento
admiro minha amiga que faz de tudo
mesmo passando por surtos, ratos e espiritos
ela faz o que pode, o que sabe
eu quero me inspirar nela
eu quero mandar em mim
mas por onde começo?
começar com uma certa boa possibilidade
estatisticamente falando, de ganhos, de saúde, de algum sucesso
minha expectativa é minha ansiedade
observando tudo o que faço sentadinha no meu ombro
qual o próximo ato?
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