Difícil É Não Criar Expectativas.

Você tem sido fagulha. Você tem sido gatilho. Você tem sido aquilo no que tenho me apoiado sem poder. E eu tenho criado mais do que expectativas em relação a tudo. O tudo que te envolve como laço, e o tudo que envolve o universo todo em meu interior e redor. As coisas não tem florido como antigamente. Mais descidas do que subidas. Pensar sobre subir já é tão cansativo quanto o fazer.
A gente cria expectativa para fugir da realidade pesada que nos persegue como psicopata e gruda como chiclete no cabelo. O outro mundo um tanto melhor, cheios de sonhos, grandes esperanças, desejos realizados, nós, completos, por nós mesmos. Desafortunadamente, não é bem assim. Quando acordamos desses minutos de escape, percebemos o quanto estamos sendo iludidos. Acreditamos no sonho demais, em alguém demais, no momento da vida mais do que demais. Nos apoiamos nisso aí. E deixamos quem somos de verdade para trás. Você ainda se lembra? Você ainda se lembra como é ser feliz? Porque para mim é como chuva surpresa e orquestralmente pesada caindo sobre este corpo cansado em um dia em que tudo foi difícil. Que pareceu durar um mês. Posso dizer sim, que é alívio. Um tipo de amor. Encanto de criança pelas pequenas coisas. Eu sou assim. Só não me recordo sempre por ser perturbada pelo caos que é esse mundo. Aquele que não é meu. Pois o que é meu guarda caos e flores. Pelo menos. O que não me mata, me floresce.
Me ensina a não querer vomitar toda a tristeza que o término da expectativa traz. Eu quero aprender a não criar um cenário em que me realizo toda vez que adentro. Sei que me faz bem, mas é mais do que momentâneo, pois quando ele acaba, eu desabo. Volto repentinamente para a realidade que não me convém. Que provém da cadência de uma decadência. Amarga até a ultima gota. A doçura se faz no descanso. No saborear do melhor sabor. Me encontro em explosão. Me reconheço. Ninguém percebe. E nem se importa. Os que sim, nadam em meu conforto. Quieta. Nada como sua inércia. Sou eu: ela, na verdade.

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