Oi, crise.
Meu corpo chora antes dos meus olhos. Você me faz lembrar como você está dentro de mim por violência à mim. Me transborda. Me explode. Me faz desejar gritar e terminar esta vida. Você e todos os sujeitos e elementos e causas. Junta tudo, põe no maior liquidificador ever, não tampe e aperte o botão pra ligar. É isso. Parece pouco, porém é infinito. Pois é um universo dentro de mim, outro universo. Imagine a imensidão. Imagine a proeza, prosa e poesia. Depressiva. Rascante. Rasgadora de peitos. Expositora de corações. Infarto do miocárdio. Volta à vida, sem respirar. Sem conseguir pronunciar uma palavra se quer certa. Tentar emitir um som sem travar no início e meio deste. Sem não parecer que estou tendo uma convulsão. Sua ansiedade vai mais fundo em sua depressão. E me leva inteirinha. Pena? Tu não é galinha. Tu é o gavião. E quando finalmente consigo respirar, vomito tudo. Ou só 90%. E você não sabe o que dizer. Imagina eu. Só sei sentir. Oi, crise.
Você me toca de um jeito nada sutil, nada leve, porém eu me jogo. E a perdição me fode gostoso. O que eu tô fazendo aqui? Porque eu estou tão nervosa? Porque não consigo respirar direito? Porque estou com vontade de chorar você inteira para fora de mim até o seu esgotamento ou até eu mesma me esgotar? Chega de gotejar em mim, chega de me encher de pouco em pouco. Chega de me transbordar. Não você. Você podia ser aquele que eu sou apaixonada e não me quer. Você podia não me querer. Porque eu não te quero. Eu nunca te amei. Você não. Mas você permanece. Não se importa. Só me mergulha rápido na pressão do oceano. E eu me desespero. Tremo-me inteira, falta-me ar. Desapareça de mim, não comigo. Sinto frio na companhia da solidão interior. Entro em delírio, a insanidade me toma como água gelada em um dia quente. Se refresca e eu, derreto. Não por amor àquele, mas por desesperança. Não sei o que estou fazendo aqui. Me perco mais uma vez. Somos universos. E morremos. Como estrelas no meio. Tentando renascer, volto em partes. E sempre algumas partes ficam faltando. Vazia de tão cheia. Anestesiada de tão excitada. De tão louca. De tanto confiar na expectativa, no sonho acordado em uma viagem sóbria de ônibus. É uma explosão quieta. É uma ação sexualmente depressiva. E eu sempre falo, não vai dar não. E não dá. Eu só sobrevivo. A impulsividade me toma. A carência já é gerente desse clube. Eu só queria umas férias de seus capítulos, disso tudo. Porém não podemos ter o que sempre queremos, certo? De qualquer forma, estamos entrelaçados. Eu vejo através. Dos olhos do seu universo. Das suas cores. Tantas.
Aquela expressão agora cai bem: c'est la vie, vida que segue.
Relação complicada. O único sentimento mútuo. Difícil dizer tchau, hein crise.
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