A Eminente Morte Iminente

fugir do que te acompanha desde sempre

cria uma ilusão 

como se fosse um monstro que nos persegue

ao invés de aceitar o inevitável

viver é morrer

morte se torna vida

nossas cinzas e outros restos mortais

são carregadas e renovadas

com os ciclos do tempo

abraça e celebra enquanto pulsante

e continue após o temível

fim 

a linha tênue e a intersecção entre

a celebração pela vida que foi em algumas culturas

e a tristeza profunda trazida pela morte que assim jaz

a beleza desse todo é inerente

apesar de um saudoso disfarce

e a vontade de parar o tempo para repetir uma querida memória

que apesar do putrefato corpo frio e rígido,

esta continua quente e viva

há natureza em cada pedaço nosso

envelhecemos e permanecemos semeando

nada é eterno a não ser a vida

mesmo que não seja como conhecemos e gostamos

eminente morte iminente

que nos acompanha desde sempre

o véu entre os mundos é de seda e veludo

o outro lado reconhecível a olho nu

pois quem faz o após ser invisível

somos nós, humanos, presos em nossas moribundas carnes