Clitorizei.

Esquerda,
direita
mais pra baixo
não
não tanto
espera
isso
vai
continua
não para
isso
ai minha deusa
ah ah ah
porra!

Prazer descrito pelo toque delicado e firme
na caixinha de surpresas que é a vulva
seu clitóris, seu tremido, seu ponto g
soltando seus demônios
sem ser um demônio
mesmo que tantas vezes sai da boca de gente vazia
que gritam que estas, são sujas, são esquisitas
o que não passa de mentiras, essas sim sujas
de pessoas esquisitas
que não estão acostumadas com o livre arbitrio do gozo
em todas as suas formas e festejos,
euforia
animação
excitação
ascendencia
envolvência
firmeza
fluidos
gemidos.

Vulva, Vagina, Xoxota, Buceta, Xereca, Maravilhosa
Como o diabo e seus vários nomes
é o que elas são apontadas
sem ter lados para estarem
nem santas, nem putas
talvez no meio, ainda assim sem escolha de lado
assim objetificadas
tão demonizadas
enquanto são apenas uma parte do corpo da mulher
que desde pequena é ensinada errado
então cresce não sabendo como lidar
até escondê-la de todos e todas as formas
nem seu nome aparece como assunto
seu toque é desfigurar sua imagem
seu pêlo é um horror,
o medo é maior que o prazer,
maior do que a vontade de se sentir como se realmente é,
maravilhosa.

Moça,
Menina,
Mulher,
se toquem
se descubram
se sintam
gozem destes momentos para sempre únicos
sem necessidade de gozar seu nectar
apenas sinta
tenha a experiência de se conhecer
de se ver e entreter consigo mesma
você é só de si e mais ninguém
proteja-se
enlouquecendo-se
em admiração
pelo prazeroso ato de se masturbar.

Cheiro de buceta,
cheiro de mulher,
cheiro do dia a dia,
sem tabus, sem esconde-esconde
mais amor, por obsequio
menos dor de se olhar no espelho
coberta por críticas
de outrem se tornando próprias
a única propriedade que você tem é seu corpo,
é sua xoxota
seu cheiro é sua flor diferente de todas as outras
seu nectar é seu glitter
seu sabor, chocolate 70% cacau
sua consequência ao tocá-la e deixá-la se libertar,
é gozo,
é tremor,
é orgasmo,
é respiração pesada e aliviada,
é deleite.
É total auto-amor.

Ai que fogo ardente e apaixonado
Sou por mim mesma clitorizada, amada, suficiente.

Vem cá,
chega mais perto
se junta a essa roda de amor
a esse feitiço que é sermos amor
genético ou não, somos.
Mas há de explorá-lo (mais) por nós mesmas
conhecê-lo, torná-lo intimo.
Abre-te de sésamo, mente
destrua sim essa caixa de pandora,
maldições impostas em troca de múltiplos orgasmos, por favor
isso mesmo, or-gas-mo, go-zo, te-são

Não adianta querer desconfiar de si,
se você é a única que pode se levar
às melhores estradas, alturas, universos.
Adianta se gostar, se querer, se amar
antes de qualquer um.
Mesmo que demore,
ou que seja cedo demais.
Antes ou depois de trepar.
Se dê um olhar diferente.
Fora da zona de criticas preconceituosas e influenciadas
de quem diz que está do seu lado,
enquanto só te desarma, destrói, explode.

Se desvende,
se tenha,
se tome,
se mande,
se queira.
Afinal se você não se querer pelo teu núcleo,
quem vai?

Você é magia, moça,
você é mágica,
você é linda.
Tira essa venda dos seus olhos,
essa linha dos pontos da sua boca,
esses 'x' dos seus mamilos
e essa mão escondendo sua buceta.
Ponha sim seus dedos nela,
se orgasme,
se escancare,
se ama.
Com palavrões ou não,
e que se foda o comportamento esperado
por uma moça no meio dessa sociedade de cordeiros.
Somos lobas. Somos mulheres. Somos quem quisermos ser.

Pois se você se esconde ou se destrói
pela critica do outro que você resolveu tomar para si
- como se fosse sua desde sempre e para todo o sempre -,
você cria o ato do desamor,
se deságua inteira
e a nascente é deixada seca,
rachada,
dura,
com sede de tudo,
e principalmente de si
- o amor mais importante, mais gostoso, mais artístico -,
pois você se torna desalmada,
pois sua alma desliga a própria luz,
que é, e deveria ser mais brilhante
do que a luz das estrelas acima de nós.

Você é a maior estrela.
Cada um com seu tamanho. Sua forma única.
Sua delícia. Seu encanto.
Sem tarjas pretas nos proibindo a visão sem violência,
sem tarjas pretas por fora das pílulas que tomamos
para que nossa serotonina não seja esgotada.
Pelos outros.
Pela criação errada.
Ou pela exposição exagerada
em páginas de revistas e da internet
nos objetificando, nos tornando bonecas de inflar.
Temos vulvas, temos seios, temos mamilos,
sentimos prazer em todos e mais,
como carinho, como relaxamento, como excitação
e como tudo junto.
E isso é nada mais que o normal,
além do dever de ser lindo e
fazer um puta de um bem
para nossas saúdes, mentes, visão
e sensação ao se deparar no espelho com
Vênus,
Afrodite,
Bast,
Sekhmet,
Atena,
Ísis,
Diana,
Aradia,
Lilith.
Nossas deusas interiores.
Somos deusas exteriores.
Somos e devemos ser
inspiração para a próxima geração,
e para todas as gerações passadas
presas em línguas cortadas,
bocas costuradas,
clitóris inexistentes,
tetas arrancadas.
Somos o real significado do amor.
Que nos expressemos então,
demonstremos a liberdade deste que nos foi presenteado.
Um dom. Um conjunto de desejos.
A famosa histeria. Ou apenas o prazer
antes, sem, com, até o proposto orgasmo.
O primeiro de único, ou o primeiro de muitos.

Chega de tapar nossos lábios,
de cima e de baixo.
Chega de censurar nossos mamilos,
como se homens também não os tivessem.
Chega de se matar em busca
da perfeição da sociedade.
Te contar uma coisa
que não é mais segredo desde sempre: ela não existe.
É uma busca ao tesouro de conto de fadas.
Não é real.

Somos mulheres,
nos damos prazer próprio,
e podemos se quisermos dar prazer ao outro.
Não somos obrigadas.
Não tente nos mandar ou ensinar
quando não permitimos ou
quando não se tem experiência.

Temos que cuidar mais de nós mesmas.
De corpo, coração, mente e alma.
Podemos e devemos falar, sentir, pensar.
Criar, renovar, ser.
Somos poesia.
Do verso ao texto.
Somos loucas.
Somos bruxas.
Somos naturais.
Somos belas.
Somos feras.
Somos livres.
Somos fêmeas.
Somos machas.
Somos sem gênero.
Somos mais do que nos dizem.
Somos mais do que nos vemos.
Somos muito mais do que sentimos.
Não somos clitóris.
Não somos exploração indevida.
Não somos objetos.
Não somos brinquedinhos sexuais ou passatempos.
E definitivamente, não somos deficientes de amor.
Sentimos tudo e cada coisa que vocês
dizem, sussurram e gritam.
Sentimos mais do que vocês acham que pensam
com essas cabeças robóticas vazias.
Sentimos toda a merda junta.
Enquanto apenas deveríamos nos sentir maravilhosas,
exatamente como somos.
Perfeitamente imperfeitas.

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