C'est Ma Fucking Vie.

Eu sei que não é minha culpa. Porém machuca tanto como se eu fosse de verdade. Porem ela aponta tanto o dedo com esse olhar negativo pra mim, que SIM, fere como se eu fosse a criminosa da história. Ela tem uma vida de merda, da qual ela não abdica, não se rebela, a qual ela já deixou pra trás há muito tempo. O pior é que ela olha para trás, ela se arrepende. Enquanto poderia apenas olhar pra frente e mudá-la, melhorá-la, sair dessa zona de conforto que a mata todo dia e ela nem percebe. A culpa é dela também. Mas em conjunto, é também dele. Ela se deitou, decidiu que amava, fizeram o matrimonio, e daí já se passaram quase três décadas e, é sempre a mesma coisa. Nenhuma reorganização. Só reciclando, só levando, só engolindo sapo. Só reclamando, só odiando, só se deixando levar. Ela diz que eu não me preocupo com ela. Pois bem, antes eu me preocupava e demonstrava pra caralho. Só que ela nunca parou, me olhou nos olhos e escutou meu coração. Nenhuma vez. Ela só escuta o fim das frases ou alguma palavra intensa demais. Quando escuta. Ela vive em um mundo só dela dentro daquela cabeça. Ela não se toca, em nenhum dos sentidos. Ela não se ama. Ela se conformou. E tenta manter o controle não tendo razões racionais, alguma que seja, para discutir algum assunto, ter algum argumento baseado em fatos e não por que ela quer, seja este brigando ou tentando sentar e pondo as cartas na mesa. Ela simplesmente desistiu. Isso é mais do que apenas perceptível em suas palavras, tons, olhares, forma de alinhar a coluna, noites mal dormidas (sempre, sem exceção), falta de risadas genuínas, preocupações excessivas, negatividade em zoom máximo, e digital. Ela diz que eu não percebo ela. Pois bem, ela está enganada. Para ela, as coisas existem só se mostrarem a ela algo físico e concreto e diário. Só se obedecerem a ela. Pois ela não consegue ter bom controle da própria vida, então ela tenta pegar a vida de outrem - a minha e a de uma amiga como exemplo bem grande - e mete o bedelho, toma as dores como se estivesse vivendo as nossas vidas com o próprio olhar julgador, como se a mente dela fosse ou pelo menos estivesse organizada e em paz, como se a mente dela fosse o mundo exterior e real de todos, sem se ligar que nós mesmas temos sentimentos beeem diferentes dos dela. Temos, sim, outras vidas. Outros caminhos, outros desejos. Temos outras mentes, e não vivemos dentro das nossas como forma de escape total e paranóia diária. Sabemos descer pro play e brincar, e quando dá a hora de subir pra realidade em que temos que encarar com o que nos sobra de felicidade, ao invés de contentamento, nós subimos. Mas, ela não vê. Não vê através. Não vê que a mente dela NÃO É o mundo exterior. E que ela precisa respirar e parar com isso. Sentar, apreciar e mudar. Deixar o passado no passado. Não estou falando de ter esperanças altas no futuro. Mas sim de colocar a cabeça alta e firme e buscar nas pequenas coisas, sua razão de viver, ao contrário do que ela tanto faz: colocar o nariz lá no sol. Borderline? Talvez. Ela tem suas crises. Uma hora ela está assim, outra hora ela esta de boas, sendo criativa em aproveitar seu tempo, sem mandar, controlar, meter a droga do dedo. Mas essas crises vêm com força, e como ela não se expressa saindo da própria mente, deixando um terapeuta ajudá-la a superar as coisas que precisa, ou até pelo menos conversando com alguém de menor idade (ou até bem menor, afinal pessoas com menos da metade de anos vividos dela podem muito bem compreender, e conversar, ajudar de alguma forma - baseado em pesquisa por cientistas e experiencia por convivência, não só minha. Não precisa essa pessoa ter mestrado e graduação e/ou ter em torno da idade dela. Tenho visto tantas que com a mesma idade, são tão superficiais, baixam a cabeça, não estão nem aí pros problemas de outrem, mas estão ali em pé escutando a fofoca do dia, pela boca dessa pessoa que vos falo), mas não, ela vai se guardando, se contentando, conformando, se afogando de tanto engolir sapos, de todos os tamanhos e espécies. 
Ela se sente sozinha, essa é a verdade. E ela se acostumou com isso, se anestesiando ao invés de se redescobrir. Eu tento ter paciência com as reações tão emocionais e dramáticas nada (nem ao menos) realistas. Mas é bem difícil. Já mudei demais com isso. Ignoro muito hoje em dia. E há pouco tempo, eu saí de casa, fiquei dois meses fora desse lugar o qual nunca foi um lar. Só voltei por um infortúnio. E ela? Ela não falou comigo por um mês ou mais. Quando voltou a falar, queria de qualquer forma me agradar, me dar uma ajuda, estender a mão no que fosse. Confessou que chorou, que não conseguia entrar no meu quarto vazio, que tirou as coisas que tinha coladas na porta dele para não ter que olhar do corredor ou quando entrasse no próprio quarto (que é ao lado). Toda caridosa, não parecia a mesma que sempre discutia, que já disse, olhando nos meus olhos, incontáveis vezes que se arrependeu de ter me concebido (depois de três fucking anos tentando, dando suor, sangue e dinheiro ao projeto/sonho da vida dela), e nunca, nunquinha, pediu desculpas. Minha depressão e transtorno de ansiedade agradecem a colaboração de fazê-los intensos e duradouros. Ela lá, caridosa até demais, e eu fiz o que? Confiei. Fui o quê? Tola, trouxa, idiota. Como quiser chamar. Aceitei a ajuda, acreditando que ela havia mudado. É, eu tenho um fraco por ela, apesar de tudo. E aqui estou desabafando, chorando quase todo dia por causa de alguma merda que ela fala sem pensar e que fere. Pra caralho. Estou eu tentando por no papel digital o que minha mente tenta compreender e tudo o que esta faz nesse processo, é falhar. É difícil. As pessoas as quais eu tento contar o que acontece, não sentem o que eu sinto. Então, estas não ajudam. Nem perto disso. E não, não adianta terapeuta só para mim, comigo vivendo nessa casa. Eu tenho que sair daqui de vez, aí entro para uma terapia, pois sei que estarei distante de peças de teatro ruins como essa. Sei que estarei longe do gatilho maior. Do que já tentei me matar desistindo de tentar compreender. De acreditar nas palavras dos dois: "a culpa é sua", "você não faz nada do que a gente MANDA","não aguentamos mais você". Eu tento não acreditar mais, pois:
01. A culpa não é minha.
02. Vem conversar em harmonia, não mete o dedo na minha cara com essa superioridade que vocês se jogam de cara achando que é piscina de rico.
03. Não me aguentar pois eu sou a única que vê o real que acontece aqui e ainda assim tenta ajudar?Não se esqueçam que eu já desisti e sumi. Quando eu fizer de novo, não terá volta.
Ah, como somos mundos totalmente diferentes, mais únicos do que digitais ou fios de cabelo. Universos sempre em construção, expansão ou negação. Ou apenas parados. Sem renovação do próprio ar. Com antolhos para tudo e todos. E porque? De fato, não sei. Pode ser trauma, orgulho, inconstância em contentamento. Eu não sei. Confesso que até queria saber, mas é muito mais caótico um possível porquê do que se imagina. E eu não sei se tenho estomago pra isso. {Suspiro para pegar o tranco do ar e lembrar que eu ainda respiro.}
De alguma forma, mesmo pesada, pois esta é a realidade para a qual acordarei amanhã, estou mais leve. Desabafei ao invés de desabar. Não me livrei, ainda sinto o peso desse mundo nas minhas costas. Acompanhando na minha jornada, a depressão e a ansiedade que eles dizem que é frescura, ou 'é só tomar remédio que passa'. E como esse mundo pesa. E eu sei que não é minha culpa, só preciso me lembrar disso pondo segurança em minhas verdades.
E ela não entende ainda porque/pra que eu escrevo. Ou, porque eu não posso deixar para depois e ir dormir.
C'est ma fucking vie.



P.S. uma hora e vinte escrevendo esse texto-desabafo. Nunca demorei tanto em algum na vida. Nem em redação do enem. Ai Deusa, me proteja.
Blessed be, so be it.

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