repetição de dias

Estive distante da escrita
no entanto dentro da minha cabeça e coração
após um hiato de superação
em uma certa paz com doses de caos em alguns dias
refletindo sobre o que eu poderia fazer
para sair do modo rotina
essa repetição de horários, de afazeres, de lugar
onde não há valorização de nada 
nem de quem ali trabalha
nem de quem dali compra
a ganância dos que não precisam contar seus últimos reais
para saber se vai conseguir ficar bem até receber o novo montante de quase nada 
o mínimo em relação a área e local
sendo monitorada a todo tempo
no perigo de cometer erros 
e ser descontada do outro mínimo recebido
aquele que parece que não querem oferecer
em meio a regras sem sentido, sem empatia
e eu não estou falando apenas dos valores
tão infimos perto do infinito que ganham todo dia 
todos esses pequenos grandes pontos
tem me feito surtar com meus neurônios e botões

eu quero ser mais do que a obediência
do que a exaustão
do que apenas mais uma
pois eu percebo que sou melhor do que isso
sei que eles nunca verão isso

uma imagem na tv parabenizando o bom trabalho
uns doces aleatórios mais baratos por tal
aqueles pequenos 'cala boca'
afinal pensam que estamos acostumados ao quase nada, a nenhuma auto percepção, a baixar a cabeça por migalhas
e de fato muitos de nós estamos
mergulhados em medo até a boca
preocupados em como sobreviver
sei que isso não passa pela cabeça deles
se preocupam em qual carro novo comprar
ou qual viagem ao exterior fazer
nós aqui não temos opções
vias mais fáceis para realizar nossos sonhos capitalistas também 
enquanto o stress total e constante se faz mais vivo do que nunca em alguns dias
a desigualdade também, essa se faz viva em constância, massividade e insanidade 

como sair, para onde ir, em algum lugar que os olhos sejam abertos assim como a mente
para ver além do corpo cansado
da cabeça a mil
do coração impassível de errar uma batida
para não haver descompasso algum

deveríamos ser vistos como humanos
como quem somos, como o que e quem carregamos
como o grande trabalho que exercemos
em um todo, com tudo
na mesma medida 
pois não pedimos demais
pedimos apenas alguma paz
sem levar stress pra casa
pra cama
e pro trabalho de novo
só acumulando o chorume no canto de alguma área de nossos cérebros 
pedimos para começar de fato a viver
com o mínimo de luxo
ao invés do mínimo de dinheiro 
pois as ações praticadas são sempre em seu máximo
e não podemos negar
pedir para poder descansar
e estar bem onde se está 
isso com certeza não é demais

porém
pelo visto
é a demasia falando
ao olhos de quem não passa pelo mesmo
ao olhos daqueles que colecionam momentos de paz
que obtem poucas perturbações
que são valorizados em mais papéis coloridos 
como em um jogo de monopólio 
isso tudo é um jogo
para ver quem desiste
e quem é substituido
para ver quem permanece
e aguenta mais um pouco
por não saber o que realmente vale
ou o que busca
programados a acreditarem que aquilo ali é o que há 
sem 'mas', nem 'talvez'
somos apenas mais alguns 
enquanto dentro de nós
queremos ser um pouco mais
ainda na humildade e empatia
o que eles não saber sentir ou mesmo informar o que significa 

essa massa
sentada
obediente
surtada
ignorada
precisa de uma
revolução
enquanto continuarem
a baixar suas cabeças 
sem nem pensar em debater
continuamos sendo apenas mais alguns
sem luz, e quase sem vida 
facilmente trocados
por outros
e pelo mínimo do capital e benefícios
em um lugar que se tiver uma pequena brecha na lei
para incomodar todos aqueles envolvidos,
abaixo da escala,
é uma dádiva,
afinal pra que mais?
pra que ser diferente?
pra que ser melhor?
pra que este ser humano
em seu mau uso e descarte
além de mais uma carne a apodrecer?

um passo atrás do outro
na repetição de dias
continuam
as almas que parecem penadas
em seu ego se divertem
enquanto os passos deveriam ser descompassado
para enxergar
dizer não
e evoluir

para perceber
sem medo
e revolucionar 






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