O BICHO

E quando eu começo a achar que sou livre
Vejo as correntes pelo chão 
Limitando meus passos e reações 
Ouço as engrenagens da maquinaria 
Em pleno funcionamento
Graças a nós 
No entanto, 
Meros substituíveis servos
Do capital 

(Exaustiva jornada daqueles que)
(Nunca souberam o que é desfrutar da vida)

A humanidade
Tem se deteriorado
Até o núcleo 
As raízes começaram a apodrecer
A luz baixa no fim do túnel
Mostra que ainda resta alguma chance

(O amor não salva mais)
(Tanta luta pra pouca vitória)

A dignidade
foi deixada pelo caminho
Os corpos vivos
foram quase todos transformados em máquinas
E a razão escapa as mentes daqueles que
que controlam as marionetes que somos

A hipocrisia pela culpa cristã de um lado
A aceitação que somos todos frutos do pecado do outro

Espie debaixo da venda
a beleza da densa colisão
da destruição de tudo
o que é natural e terreno
Só pela estranha diversão 
que eles sentem ao presenciar o caos inflingido

A perdição que tinham tanto receio está aqui
e em todo lugar

Vá, tente escapar, mas saiba que
mais cedo ou mais tarde o bicho vem te pegar

...e quando eu começo a achar que sou livre
Vejo as correntes pelo chão 
Limitando meus passos e reações 
Ouço as engrenagens da maquinaria 
Abafando meus pedidos de ajuda
Enquanto não sinto o dia passar
e eles gozam da luz do sol e das coisas materiais
que só servem para preencher vazios
Momentaneamente, em um ciclo infinito 


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