Panacea

Como eu queria
uma pureza nativa
fruto da interrelação
entre a cadência e a disruptiva
loucura da beleza de um glissando
não modificando
a essência e as intenções
mas tudo que cerca
criando então
uma sinfonia de sensações
que não pode ser tão facilmente ouvida
tão única que não consegue ser repetida
que percorre todos os caminhos
antes não experimentados
sem corromper aquilo que toca
mas deixando uma marca
que no espaço tempo permanece
que protege do que adoece
o corpo, a mente
e a aura
em poucas palavras
o tudo que cura
que livra
liberta
na paralelidade
na confluência
na colisão
dos extremos
do que possuímos
da inegável incisão
do que incendeia
na contraditoriedade 
daquilo que é inevitável,
inerente e ascendente
questionável porém imutável
entre o apogeu e o perigeu
da lua, sua elipse
da magia oculta de cada eclipse
de toda e qualquer reincidência
do ciclo vicioso da impendente impermanência
de tudo o que nossos olhos alcançam
e que mesmo com toda sinapse
não mudam, não curam, não resolvem
apenas contemplam
na tentativa de compreender
a alquimia do ser
do universo
do inverso
do intocável 
do imensurável
campo da ideação 
tão vasto que chega ao coração 
de utopias como a cura total
e por consequência,
a pureza nativa que cadencia 
a louca beleza da disrupção.

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