Tela-rasa
se passamos o tempo todo
matando o tempo
olhando obsessivamente para uma tela
a vida fica rasa
a vida fica plana
a vida fica como a própria tela
se esquecemos de sentir com o próprio coração
perdemos o coração de tudo
tornando-se todos mortos vivos andarilhos
não há oculos cor de rosa
que faça a visão se tornar plena
não há vias que não sejam artificiais
não há mais percepção de nuances
muito menos do panorama do teu redor
não há mais a valorização do deleite
dentro dessa caixa oca que carregas
cada vez mais estímulos
cada vez mais excessivos
sua adoração é uma grande falta
e será o teu fim
enquanto esses versos escrevo
desfoco os olhos da mesma tela
em uma espécie de transe adentro
sinto uma tsunami que se derrama
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