Meu Quilógono (precisamos falar sobre)
esses pedaços quebrados de mim
que eu acho que todos estão vendo
e ao mesmo tempo que sei que ninguém sabe de verdade
todos os lados desse meu quilógono
os estilhaços
todos juntos, alguns perdidos
pelas estradas percorridas
e os encontrados
que de início não vinham de mim
mas que me identifiquei em minhas reflexões
ao longo das estradas dessas minhas vidas e mortes e renascimentos
todos os ângulos da ilusão e da realidade
talvez um meio termo em algum ponto
claro que nunca em estadia permanente
afinal não pertenço a lugar ou lado algum
sou muitas, sou completa assim
essa sou eu
as melancolias
as estruturas com grandes raízes
as grandes curvas, abertas e fechadas
as superficialidades
os abismos
as maiores montanhas russas
e os mares mais calmos
ser tudo e mais um pouco
e se sentir em casa
ser única e ao mesmo tempo muitas
é o que faz eu me amar tanto
pela não comparação tão sádica que vemos tanto ao redor
tentar se encaixar numa pequena caixa de sapato
quando se é comprovada uma gigante criatura mitológica
e eu posso dizer
eu estou bem
mesmo quando me sinto mal em meio a derrames hormonais
com todos esses meus lados desse meu quilógono
ninguém é igual a ninguém
mesmo as zebras que parecem tão iguais,
mais de perto tem listras e personalidades muito diferentes umas das outras
aquele ditado - não tanto refletido como deveria - de
não julgar um livro pela capa
e aquele outro saber: quem é você antes da crítica?
ninguém é de ninguém
essa insistência a uma possessividade que só fere
sem a auto percepção, ou nunca nos encontraremos
ou desperdiçaremos demais de nossas vidas onde não há conforto algum
se enxergue
se abrace
se derrame
se experimente
se aceite
o caminho é árduo mas ah!
tão válido como cada um de nós
é por isso que precisamos falar sobre isso
o que julgam tanto como uma caixa de pandora
é em sua realidade um baú de maravilhas,
de tesouros esquecidos,
não conhecidos,
ignorados
há muito mais do que os olhos físicos conseguem ver
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