reflexões da minha eu do passado

todas as dores
todos os ardores
não falo dos bons
pois quase não havia

meu corpo me avisou
por tantas vezes
e eu não soube escutar
que cada incômodo o adoecia
cada vez mais
nada é por acaso
a coincidência, ela sim, ê algo inventado
para não ter que lidar com as consequências 
o que parece mais fácil
em sua maioria não é o mais saudável
desistir de si mesmo está nesses pontos
que não são ligados
que são esquecidos

meu corpo me disse tantas vezes
de tantas formas
que eu nem lembro de todas
só lembro de estar sempre mal
da cabeça aos pés
todos os chacras confusos, miscelaneados 
querendo a paz que eu tanto gritei por não conseguir
por acreditar não ser capaz
e ela estava todo esse tempo
sentada me aguardando 
aguar
implodir
explodir
chafariz do dia a dia
me acostumei por um momento
que nem lembro todas as vezes que me senti minimamente bem

se eu pudesse dizer algo a minha eu do passado, diria,
descansando as mãos nos meus ombros
como uma forma de consolo
respira
derrama
percebe 
lembre-se de respirar qualquer ar que passar por ti
não jogue lenha nesse fogaréu 
ele não te faz bem
encontre
alcance
sinta
seu próprio fogo
aquele só seu
nada de enganações vestidas de segurança
essa não é sua verdade
isso não lhe faz bem
busque-se
explore-se
comece a viver dentro e fora de si
e lembre-se de silenciar
de se ouvir
de respirar 

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