Minha vida em toda sua depressão.

É nesses momentos que eu acho que sou o problema. Não tenho para onde ir. O que fazer para mudar. Afinal é o que mais insisto na tentativa, e tudo o que tenho em retorno é incompreensão. Só queria ver eles entendendo. Tudo. Toda a dor que eles me causam. Toda a dor que eu sinto, na maior intensidade possível.  Que eles entendessem minha depressão, e não me chamassem de nomes que aprendi a pronunciar cada letra de tão repetidos. Que eles entendessem minha ansiedade, meu deficit de atenção. Que eles entendessem de vez o meu lado. Porque o egóismo, ignorância e hipocrisia reinam demais. E eles mesmos que puseram suas coroas. Sinto demais por eles sentirem de menos. Culpo-me demais por eles se culparem de nada. Eu não consigo ouvir toda a falácia, ainda assim, ouço cada som. Cada tom. Cada nota. Cada rancor. Cada - ditos todo dia - arrependimento. De me conceber à ter me deixado entrar de volta nessa casa - que cá entre nós, nunca foi um lar -, quando não tive mais lugar para ir. Aqui, continuo eu, tendo que permanecer até que eu exploda, ou até que eu consiga me mudar daqui.
Sinto-me um lixo. Tento, ao encarar no espelho, dizer para mim mesma o quanto eu sou maravilhosa, inteligente, forte. Vou acreditando até que tudo é derrubado por tanta energia ruim vomitada de suas bocas. Eu me culpo, até tentar de novo dançar com aquela amiga lá do outro lado. E eu estou cansada. Tudo o que eu quero é desistir. Mas alguma força, seja daqueles que realmente se importam comigo, seja da Deusa, seja a intuição de um futuro melhor, me mantém aqui. Nesse inverno rigoroso. Uma avalanche a qual estou presa em seu meio. Natureza mais do que selvagem. Não quero mais chorar. Não quero mais perturbar as pessoas para desabafar. Fazerem estas me ouvirem só porque eles não me ouvem. Eu estou perdida. Com medo. Sozinha. Tremendo. A cada vez que levantam a voz, e a avançam com seus corpos e olhos em direção a mim. Não sei o que fazer. Só que quero desistir. Só sei que devo continuar. Só sei que nada dá certo. E não, uma terapia não vai ajudar enquanto eu morar nessa maldição. Vai ser um alto belo, evoluído, puro, até eu chegar de volta aqui e ter que encará-los, ouvi-los, entrar em coma alcoólico de tanto que eles transbordam tristeza em mim. Eles não se culpam por me fazer mal. Ele me culpam pela minha presença, voz, cheiro, de como eu usufruo do que é DELES, na fonte mais clara e no maior tamanho de letra possível. Eles gritam. Eu me explico levantando a voz em dois tons. Eles me ameaçam. Se eu gritar com eles, eu vou ver o que vai acontecer. Mais? Acontecer mais do que já acontece? Todo o gatilho. que eu tento destruir a cada dia bom ou ruim ou péssimo, que eles são. Sentar e conversar? Sim, eles podiam. Abrir a mente também. Sair da bolha. Sim, eles podiam. Na minha cabeça. Na deles não. Afinal, o problema aqui sou eu. Só eu.
E aí vem os momentos de sobriedade. Vejo assim tudo com mais clareza. Mesmo que ainda doa, demais. A anestesia funciona sem funcionar. O rosto inchado. A vontade insana de desistir. Os olhos deles enfurecidos encarando os meus. Gritando, salivando raiva em cima de mim. Ganância, inveja, fúria, possessividade, stress, falta de carinho. Eu queria que eles soubessem o que é amor. O que é amar. Mas eles não veem esse lado da imagem. Esse vértice. Esse ângulo. Esse mero detalhe da vida. Pois a vida é só trabalho, dinheiro, a gordofobia deles, o imediatismo deles, a ilusão deles. A filha deles não entra mais em suas vidas. Desde o momento em que comecei a ter pensamentos independentes dos deles. E atualmente, que tem sido vulcão em erupção. É difícil demais não absorver. É mais do que difícil essa parte. São desejos ruins, que eles não se poem no lugar para tentar ver que não é legal, que dói, que rasga o coração. É dificil de escutar mas não ouvir as reclamações em toda sua fôrma de negatividade infinita deles. 'ta rindo de novo, que merda, só faz isso' 'ta ouvindo música, porra, só faz isso' 'ah caralho' E eu mastigo, rumino, engulo, e volta na garganta, que nem um camelo. Não sou de ficar remoendo. Sou daquelas que perdoa. Tudo e qualquer um. E por eles, eu sinto nada. E não é por causa da depressão. É por sentir demais, sem um dia de folga. Você acaba transformando isso em porra nenhuma. Mesmo que tente endlessly transformar tudo e qualquer um em coisas boas. Eu sobrevivo em um deserto. Sinto nada, porém sinto mais do que, em derramamento. To cansada de sufocar. De chegarem no quarto de repente, verem que eu estou chorando e agirem como se eu estivesse séria, ou dormindo. Não tenho mais vontade de discutir. De nada adianta mesmo. Não tenho mais desejo de tentar reaver o clima do início da infância. Eu sou sozinha aqui. Eu. Não. Tenho. Vontade. De. Viver. Aqui. Será que é tão difícil de entender? Não tenho motivação, incentivo, soltura aqui dentro. E não tenho como sair daqui, sem ter como arcar, me sustentar (então vou deixando sem minha permissão isso me invadir e causar destruição. Daquelas em massa). Por isso tudo me tranco - sem chave ou maçaneta, pois estas eles destruíram faz tempo - no meu quarto e fico, sim, ouvindo música, assistindo um filme, brincando com meus gatos, cantando, dançando, pois nem ler consigo mais - manter a atenção e a mente não viajar -, tentando espairecer. Um sinônimo, aqui, para ignorar.

Me desculpem. E obrigada a vocês, à chuva, à música e à lua. Acho que são vocês que devem estar me mantendo em pé, mesmo cambaleando. E sim, eu ainda estou tentando. Com o meu "alto-astral". Só não vou prometer nada.

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