Chore o Amor Que Não Existe.

Isso é o pior. Eles podem me destruir a qualquer momento. Porém, eles são meus pais. Não deveria ser o total contrário? Eles deveriam me apoiar, confortar, amar não importasse o que, não é? Ou eu tenho uma utopia?
E, poder. Para que isso serve de verdade? Pra bater no peito e se sentir superior, enquanto na verdade o que eles mais são diariamente é apenas esse transtorno natural de inferioridade?
E como eu vou parar de me importar se recebo ameaça contra minha vida todos os dias? Não sou de pedra. E mesmo se fosse, pedras também quebram. Mais ainda, como eles me empurram contra a parede. Eu me quebro mais a cada vez. E ainda assim, sou forte por não ter passado uma lâmina na minha garganta.
Minha mãe sempre teve mania de me ameaçar com tudo, por sentir que o chão dela estava sendo tirado. Meu pai nunca se importou, nunca meteu o bedelho, mesmo tendo instantes de passar do limite e agir com sangue nos olhos. De uns meses para cá é que ele começou a 'comandar'. Ou tentar. Ele usa o stress e a impaciência. Juntando os dois, eu tenho medo. Pois é só violência. Eu estou dependendo. Eu estou à merce deles. O que eu tenho que fazer? Abdicar de qualquer forma de liberdade dentro dessa casa e só fazer o que eles pedem na hora que eles pedem e deixar que toda a visão errada deles se torne mais do que certa: pra eles?
Sentimento. Pelo meu pai eu só sentia respeito e uma certa decepção. Por minha mãe, esse sentimento teve data de expiração. No dia em que ela começou a me dar porrada. Primeiro, meu corpo, depois minha cabeça. E hoje em dia, diz que nunca tocou um dedo em mim. Sendo que eu lembro de todas as vezes. E não só eu. Houve uma época, de escola (2002-03-04-05), que eu chegava vermelha, roxa, amarela na sala, em dia de calor e colocava casaco. Uma única amiga minha na época sabia. E eu não podia contar. Afinal eu já sabia: quem vai acreditar em uma criança? Me arrependo disso, tendo mais sabedoria agora, pois eu devia ter ido na diretoria e mostrado o que acontecia comigo. Minha mãe sempre foi uma ótima atriz. E meu pai, um ótimo submisso. Agora eles são subs um do outro. Não há mais amor. Só possessão e dependência. E me sinto praticamente sempre vulnerável àqui.
Meu sentimento inocente já teve volta. Mas quando eu era uma criança e não respondia por uma verdade, e sim apenas por influencia. Se ela falava 'eu te amo', eu falava junto, e assim, aprendi a dizer sozinha, mas nunca aprendi a sentir sozinha. Portanto, eu não aprendi nada de bom com eles.
Já deixei pra trás de mim essa esperança de que as coisas vão melhorar. Deixe para trás no dia em que todo o amor que ela disse que sentia, que chorou ele por mim quando eu havia desaparecido, simplesmente esvaiu por um buraco negro. No dia em que ela fez um acordo, com um olhar caridoso, e uma quinzena de dias depois, ameaçou cancelar. Como se cancela uma promessa? Perdoe, posso estar errada, mas isto eu não aprendi.
Sadismo, perversidade e superficialidade. Este é o resumo da ópera.

Desamparo demais, solidão, desprezo, desperdício. Jogar fora como se fosse algo descartável. Minha vida por eles. Como eu me sinto.

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